Acho que não podia ter usado melhor foto do que este circuito cerebral pintado com as cores do autismo e uma espécie de processador no centro para ilustrar este post. Autismo- Na raíz da palavra virados para nós próprios, posso descordar?
Acho que somos mais do que nós próprios. É uma forma diferente do cérebro funcionar, pode ser de origem genética, tem particularidades em interesses restritos e em dificuldades em socializar. De forma resumida, aqueles movimentos que vemos nos filmes servem para nos regularmos emocionalmente, perante a chuvada de estímulos à nossa volta.
Pertenço ao expectro do autismo, wow, mas tu falas. Tu comunicas, como assim? Não podes ser autista. És demasiado normal.
Diagnósticada há um ano e três meses, o que mudou? Algumas coisas deixámos o masking para trás.
Catarina explica... ok Masking: capacidade de alguns autistas (a maioria mulheres) em mascarar traços, resumindo a nossa tentativa de ser normal.
Conseguir aceitar as dificudlades e faciliddes dele, dar um nome ao que acontecia de estranho. A ter uma explicação e ter estratégias para minimizar as crises e riscos.
Ou seja, a Catarina qu brincava sempre ao mesmo, que adorava computadores, que joga o mesmo jogo há 20 anos, que decorava tudo, que tinha poucos amigos e não se integrava na turma e se mudavas a rotina era um desespero. Que se sentava de forma estranha (em w) era tudo autismo dela. A parte especial dela, por isso eterna criança que brincava com playmobil até aos 16.
A mesma que quando programa ou monta e desmonta computadores se foca tanto que se esquece de tudo á volta até de comer.
Interesses restritos como história do século XX, Salazarismo, computadores, playmobil, pokemons, heidi e pedro, animais, dinossauros, jogos, ouvir a mesma música por dias ou meses, ver as mesmas séries e filmes.
Finalmente houve uma explicação para o não encaixar, uma explicação para o eles parecem maiores que tu, o não ter os mesmos interesses do que os outros da turma.
Aprendi a aceitar tudo isto, deixar de fingir, tentar encaixar e de mascarar.
Deixar cair a segunda pele da cobra e mostrar a minha essência sem medos!
E finalmente me senti integrada numa turma em Lisboa, onde pude mostrar o meu verdadeiro eu sem medos!
Gosto de me vestir de calças, sempre detestei vestidos, saias e afins. Aceitei a ser como sou sem ter de entrar nos padrões aceites dos outros.
Adoro na vida tudo são padrões, eu gosto de ser o desvio padrão.