Desde pequena que gostava de brincar ás professoras, achava que era incrível ensinar os outros. Ao mesmo tempo gostava de informática ao ponto de que com 10 anos ter feito o exame de competências básicas tecnológicas em Castelo Branco.
Sempre gostei de história, fascina-me o antigo e foi isso que me levou á profissão de docente. Um ano antes de terminar o 12ºano vi as estatísticas de emprego e eram péssimas na altura. Mudei para espanhol e tentei a sorte no exame como aluno externo.
Fiz a licenciatura em Estudos portugueses e espanhóis, após isso com várias dúvidas de que mestrado seguir, ao ponto de que durante a licenciatura cheguei a ponderar mudar para línguas clássicas (paixão e hiperfoco no latim durante o primeiro ano). Fui para Espanha experimentar na pele o que era ser professor assistente.
Foi uma experiência mista entre o bom por ver a evolução dos alunos desde dos 5 anos até aos 80 (sim eram duas escolas com esse leque de idades de alunos).
Aliado sempre ao gosto dos jogos, informática e criar apresentações e saber mexer em programas diversos.
Regresso a Portugal faço o mestrado em ensino de português e espanhol e durante o estágio notei que a profissão não era o que nos pintavam durante toda a vida.
Tinha a referência de muitos bons professores que tive e que tentei seguir o seu exemplo e ensinamentos. No entanto, havia peças que continuavam a não encaixar entre mim e ser professor...
Pintam a profissão como boa, na realidade és mal pago, andas a passear o país, vives numa ansiedade medonha todos os anos até teres colocação.
Adorava a parte de elaborar os materiais, de elaborar como desenvolver e explicar, já o executar ficava sempre á quem das minhas expectativas.
Para um autista, são demasiados estímulos e chegava ao final do dia no escuro e no silêncio.
Gostava de ver a evolução dos alunos e de ajudá-los a superar as suas dificuldades.
As reuniões não eram produtivas, pais alunos má educação e o colegas que nem sempre me encaixava no grupo. Fazia amizade com alguns e feito, mas ficaram para a vida.
Durante 4 anos andei por Badajoz, Flores (Açores), Feijó e durante a pandemia e a dificuldade em conseguir colocação eu ponderei tudo mesmo tudo...
Repensei na minha vida, gosto de estabilidade, segurança e isso é importante para me sentir equilibrado tanto no autismo como na doença metabólica.
Em 2020, durante uma baixa médica frequentei cursos online (já tinha começado a fazê-lo durante o confinamento), na área de informática.
Redescobri essa minha paixão, aprendi a programar sozinha java e fui estudando e experimentando outras linguagens.
Em 2021, para poder concorrer ao ensino superior e poder ser formada na nova área precisava de um certificado mais importante do que formações modulares para provar as minhas capacidades e encontro o CET de cibersegurança.
Aprendi programação, redes, segurança na internet, sistemas operativos, entre muitas coisas.
O que adoro é mesmo programação e se fico muito tempo sem fazer fico irritada como se me faltasse algo. Redes não gostei muito, parece falta de lógica.
Mudei a minha vida para algo melhor, ainda que admire os meus professores que me ensinaram e pela vossa coragem colegas de continuarem na profissão eu desisti.
Troquei as linhas de palavras por linhas de código.
E sou feliz assim!
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