Chegou a hora de enterrar o fantasma

Sobre os Leões Fantasma do Brasil em Cannes – Meio & Mensagem

Hoje dia 4 de agosto de 2020 é o dia e a hora de enterrar-te sr. Fantasma. Sim, chegou a hora de mandar-te de volta para o submundo e deixar-te lá!
Outrora foste o meu mais que tudo, durante uns bons anos foste a pedra preciosa do tesouro que a vida me tinha dado, quando na realidade dura e crua foste apenas um lobo disfarçado de ovelha que eu cega pela deusa Afrodite não me quis dar conta. 
Foste saudades aceleradas quando não estavas presente, foste fogo, amor e ódio ao mesmo tempo. Foste causa de culpa e de perdão, foste tudo e nada ao mesmo tempo... 
Admito tive medo, saudade, temor de não voltar a sentir como sentia contigo. Medo de não encontrar ninguém como tu. Ainda bem que encontrei alguém totalmente diferente de ti! Alguém superior que me fez abrir os olhos e ver o fantasma real que eras tu. 
Horas perdidas, horas intermináveis vividas... Fantasma que assombrou o meu coração, fantasma esse que me reduziu a cinzas e fez-me renascer delas, tal fénix do Harry Potter (que por sinal é a minha saga de filmes favorita). 
Hoje estou aqui para fazer o luto de ti, enterrar as memórias passadas de nós, de mim e de ti, estou aqui para levar o fantasma ao seu corpo já sepultado e fazê-lo regressar ao inferno. Deixá-lo ir e ser livre de uma vez por todas!
Um dia enlouqueci mais do que era suposto e apaguei cada memória física de ti, cada foto, cada carta, cada conversa, cada frase ou livro trocado... Horas escrevendo palavras de sentimento a um coração de puro gelo gélido. Já dizia a Bárbara Tinoco: "mas sabes lá as guerras que eu tenho" (...), não censuro que não soubesses dessas batalhas silenciosas que tencionava partilhar contigo. Mas a confiança que acabamos por ter depois de um tempo não me permitiam partilhar tais coisas. Também não querias saber, para ti só uma coisa importava e não era a mesma que importava para mim. Tínhamos visões diferentes da vida, paciência. O meu conceito de amor e liberdade eram verdadeiros vindos de livros românticos lidos por prazer, não eram os mesmos que esse lobo disfarçado tinha na sua mente matreiro... 
Os meus planos eram diferentes, os teus eram mais ousados, ocultos num vazio que eu desconhecia... As coisas acabaram pelo afastamento e erosão temporal, talvez tenhas de aplicar um Halibut para tratar disso. 
Não quero que regresses, não preciso de ti obrigada por tudo. Fizeste-me perceber porque não resultou e que a culpa não era realmente minha... Soube também neste tempo que aquilo que eu sentia, e o medo de falar disso não eram imaginação minha. Eram a realidade oculta no meu olhar... 
Durante tempos infinitos, na minha mente as imagens se repetiam como se de uma bobine de uma super 8, algumas parecem fotogramas antigos, mas as sensações ainda são reais, não de filme dos anos 50.
Quero a liberdade de ti, senhor fantasma, quero partir para outra. Fechar-te debaixo de terra e não desenterrar mais! Leva contigo todas as memórias, quer visuais, táteis, enfim todas por favor... Não quero ficar com nada, quero a tábua rasa, quero o monte de areia da praia para voltar a construir um novo castelo de areia, mas desta vez com muro para que o mar não o deite a baixo. 
Obrigada por não ter dado certo contigo, só lamento não te ter enterrado antes... Tinha poupado muito o meu coração doce e inocente... Obrigada à vida por me ter demonstrado quem eras por detrás da fofice e da cegueira de amores. Obrigada por poder agora viver melhor e voltar a sorrir e acreditar que sim ainda vou ter a oportunidade de amar de verdade!
Podes ir fantasma, agora só quero ser livre de ti... Leva tudo contigo ok? 


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