Desenhos animados e o masking

 




Olá a todos, primeiramente quero dizer-vos que vou falar de uma característica que me vim a perceber que fazia aos anos e afinal tinha um nome o masking. O que é isso? é quando escondes as tuas características autísticas para te adaptares ao mundo dos neurotípicos, ou seja procuras encaixar-te deixando de lado as tuas verdadeiras características e personalidade. 

Ao som da Hannah Montana e da Violetta escrevo este post de hoje, posso dizer que tinha uma paixão por ambas as séries que apareceram na minha vida em momentos diferentes, mas ambos importantes para mim. Talvez na altura não tenha reparado na sua importância, mas agora olhando para trás posso ver que foram a minha ancôra de pensar que me identificava com as personagens principas, pois elas tinham uma vida dupla escondida como se fossem duas pessoas. Eu na realidade também vivia assim, só que não me dava conta disso. Até há bem pouco tempo que me fez recuar ao ouvir "Party in USA" voltando a esse  Rock in Rio Lisboa de 2010, onde a Catarina de 16 anos estava toda contente para ir ver a sua cantora preferida a Lisboa com os pais e a irmã. 

Lembro-me desse dia como se fosse hoje eu e a minha PSP roxa da Hannah montana carregada de músicas dela que cantava no quarto com os bonecos da playmobil que faziam teatros e espetáculos tipo festival da canção. A Hannah Montana a série juvenil apareceu em Portugal segundo dados em 2006 até janeiro de 2011. Trata da vida dupla de uma jovem cantora que tanto canta em concertos como estrela com uma peruca e roupas muito coloridas e brilhantes, como de dia anda na escola vesida como uma miúda normal e ninguém a não ser a família sabem que ela é famosa. 

Na altura, eu estava na minha adolescência e tentavas encaixar-te nos grupos dentro da turma e também estavas na fase rebelde em que tudo a tua volta deixa de ter sentido e querias liberdade que os teus pais não permitiam. Já jogava sims nessa altura, adorava pcs e já não podia brincar muito aos bonecos da playmobil por não ser o que as tuas colegas faziam, mas tu ainda brincavas e vias bonecos na tv. 

Eu sentia que era a Hannah Montana porque eu tinha uma vida em que tentava construir uma personagem para me encaixar no mundo dito neurotípico e escondia os meus interesses específicos, as esterotipias, gostos de vestir que regressavam talvez no fim de semana. 

A Violetta apareceu em Portugal por volta de 2012 a 2015 em espanhol primeiramente e depois traduzida em português exceto as canções, apanhou-me na altura da universidade e voltou a ser exibida se não me engano em 2017-2018 na altura no meu mestrado de ensino na altura do estágio porque usei algumas músicas na aula de espanhol salvo erro do 7ºano. 

Conta a história de uma menina que perdeu a mãe e o pai deixava ela em casa com amas e não a levava a escola até que um dia foi contratada uma tia dela que a levou a uma escola de música onde trabalhava. As escondidas ela teve aulas e espectáculos nessa escola sem o pai saber. 

Eu para ser professora e desculpem os meus alunos e colegas que lerem isto, mas eu construía uma personagem com roupa, maquilhagem e comportamento mais adequado aos modelos que eu via de professor. A criatividade e a construção de materiais era autêntica minha essa imaginação toda fora da caixa, mas a exposição era ensaiada com peluches. 

O medo e o desconforto era tanto que contruiste uma carapaça para ocultar o teu tu dentro. E era como a violetta que só na música era ela mesma! Com a pandemia lembro-me que no ensino á distância eu rebentei porque só tirava a carapaça para dormir, mas sentia-me exausta e não dormia. Antes tu tiravas a carapcaça ao chegar a casa, tiravas tudo maquilhagem roupa e voltavas ao teu tu normal! Exausto sim sobrecarregado sensorialmente e socialmente emocionalmente. Mas regressavas a ti e ao teu mundo enquanto absorvias as informações de um dia inteiro. Lembro-me que voltava a casa e não queria telefones nem nada,   queria só uma série ou jogo, jantar e cama. 

Portanto, as músicas e os desenhos animados eram a predição quando tentavas viajar nesse mundo teu acreditando que um dia tal como eles poderias ser o teu "this is real this me!" da Demi Lovato


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